Após 28 anos, Ricardo Cord se despede da Emater-RS/Ascar

Evento realizado nesta sexta-feira também marcou os 70 anos da entidade

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Cord deixa o extensionismo após quase três décadas de trabalho incansável / Crédito: Paloma Driemeyer Valandro

A celebração dos 70 anos da Emater-RS/Ascar em Poço das Antas foi marcada pela despedida do extensionista rural Ricardo Henrique Cord. O evento ocorreu na tarde desta sexta-feira (6/6) no auditório da Prefeitura. O ciclo de 28 anos, iniciado em março de 1997, chega ao fim com um legado de trabalho, dedicação e cuidado com o desenvolvimento do setor primário.

Com trajetória de quase três décadas de trabalho em Poço das Antas, Cord recorda que o atual prefeito, Glicério Ivo Junges, foi quem abriu as portas para a Emater no Município, em sua primeira gestão. “Coincidentemente, ele novamente é o prefeito em seu terceiro mandato no encerramento da minha caminhada de 28 anos”, comenta.

Após quase três décadas de história e caminhada junto à Emater, Cord deixa o seguinte legado: “Antes de ser um bom profissional, tente ser uma boa pessoa. Honestidade, seriedade, comprometimento com as pessoas e a construção de boas parcerias geram bons resultados”, considera.


Celebração dos 70 anos da Emater/RS-Ascar foi na tarde desta sexta-feira (6/6) / Crédito: Paloma Driemeyer Valandro

Ações que marcaram a trajetória

Suas atividades iniciaram em 1997, com o Pro-Rural 2000, onde, com recursos a fundo perdido do Banco Mundial para atender as comunidades mais carentes, foram realizados 14 quilômetros de rede de água potável para as comunidades de Linha Fritzenberg, Goelzenberg e parte de Santa Inês, e criou-se a Associação de Água Serrana. “Neste mesmo projeto, foram destinados recursos para a construção do Ginásio Doze de Maio, de Linha Goelzenberg. Também foram realizadas ações de saneamento básico nestas comunidades, com a construção de fossas sépticas, sumidouros e estruturas de captação das águas servidas da cozinha”, recorda Cord.

Mais tarde, com o projeto RS Rural, foram beneficiadas as comunidades de Santa Inês, Vila Esperança e Paris, onde foram implementadas construções e melhorias nas moradias rurais, além da infraestrutura produtiva destas propriedades, com reformas de galpões, construção de estrumeiras e fornecimento de implementos agrícolas.

Em 2002, outro projeto marcante foi a criação da Associação de Desenvolvimento Rural Sustentável de Poço das Antas (ADRSPA). “Naquela época, havia apenas três tratores agrícolas no município e sentimos a necessidade de construir uma alternativa para incrementar a mecanização das pequenas propriedades rurais”, comenta. Ele lembra que a associação segue até os dias atuais, com uma função cada vez mais importante para ganho de escala, maior o das famílias rurais à mecanização agrícola e na busca de soluções para os problemas comuns.

Outra ação trata da elaboração de projetos de crédito rural orientado e assistido – cerca de 90% dos aviários, pocilgas e tratores foram consolidados através de projetos de crédito elaborados pela Emater. “Também realizamos inúmeros projetos de financiamento de moradias rurais. A transformação social que se dá através da construção da moradia, em termos de dignidade e qualidade de vida para as famílias de agricultores que vivem nas áreas rurais, tem permitido a permanência de famílias e jovens rurais no campo”, observa o extensionista rural.

Além disso, a busca pela diversificação das atividades das propriedades foi constante neste período. Hoje, a fruticultura comercial figura entre as quatro atividades econômicas mais importantes do setor primário poçoantense. Cord também destaca a inserção da Emater na proposição, planejamento e construção de programas municipais de incentivo à produção primária, com auxílios e subsídios diversos para atividades rurais.

Por fim, o extensionista rural menciona a viabilização de agroindústrias familiares e o turismo rural. “Cada vez mais, ganham importância e credibilidade frente aos poderes públicos e privados e à sociedade, configurando-se como elementos de extrema importância para o desenvolvimento das comunidades rurais”, enaltece.


Em nome do poder público, secretário Romeu Forneck agradeceu a dedicação de Cord ao setor primário poçoantense / Crédito: Paloma Driemeyer Valandro

Desafios e transformações do meio rural

Entre os principais desafios enfrentados na carreira, Cord cita a falta de uma equipe multidisciplinar com, no mínimo, dois técnicos da Emater, o que considera ser o ideal para atender a demanda de trabalho junto aos agricultores. “Por mais de 20 anos, fui o único extensionista no município, fato pelo qual tivemos que nos redobrar para atender os anseios e necessidades da população e também construir boas parcerias com as secretarias municipais da agricultura, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, agentes financeiros e conselhos municipais”, comenta.

Nos últimos anos, a agricultura ou por mudanças significativas, marcadas por avanços tecnológicos, adoção de novas tecnologias, mecanização e novas técnicas de cultivo. “Boa parte dos agricultores familiares não consegue acompanhar essa modernização, ficando à mercê de um modelo agrícola excludente, com condições desiguais de o ao mercado e dependência de grandes empresas integradoras, motivo pelo qual existe um acelerado envelhecimento com a falta de sucessão nas pequenas propriedades rurais. Esse foi e continua sendo um grande desafio para a extensão rural”, destaca.

Dentre os desafios atuais, Cord menciona: formular e propor políticas públicas voltadas para a agricultura familiar e juventude rural, estudar e compreender a realidade socioeconômica dos jovens, promover a inserção na sociedade e mercado de trabalho, realizar ações contínuas para a preparação dos jovens rurais para a inserção no trabalho rural, buscar o aos serviços de inclusão digital e possibilitar a jovens agricultores e familiares a qualificação dos conhecimentos.

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